domingo, 20 de maio de 2007

escravos


Polícia vê lavradores em condição subumana em SP

JUCIMARA DE PAUDAda Folha RibeirãoQuarenta e três trabalhadores rurais vindos do Maranhão foram encontrados ontem pela Polícia Civil e pela Vigilância Sanitária vivendo em condições subumanas, sem trabalho e sem dinheiro em um casa em Guariba, no interior paulista.Apesar de Guariba ser uma região canavieira, eles contaram que foram contatados em Anajatuba e em Arari, interior do Maranhão, por uma mulher chamada Zelda, que lhes prometeu salário de R$ 650 para trabalhar na lavoura de laranja e com registro em carteira.Os migrantes pagaram R$ 170 pela viagem de três dias em um ônibus da empresa Me Leva Brasil, que quebrou três vezes no caminho. Com pouco dinheiro, a maioria comeu banana com farinha. Ao chegar, há sete dias, a proposta mudou: a agenciadora, que seria parceira de Zelda, recepcionou o grupo, os colocou no alojamento cobrando R$ 350 de cada um por comida e moradia, e disse que iria arrumar vaga para todos, mas no corte de cana. Nenhum deles conseguiu o emprego.A mulher, que não teve o nome divulgado, foi detida e liberada após prestar depoimento. Ela disse que só alojou o grupo por caridade, mas vai ser investigada por aliciamento.Na casa, os 43 trabalhadores dividiam espaço em quatro cômodos, sem chuveiro, que tinha instalações precárias e nenhum móvel -apenas colchões espalhados pelo chão.A operação foi feita após denúncias do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Guariba e da Pastoral do Migrante. A casa foi interditada pela Vigilância Sanitária e os bóias-frias foram transferidos para um abrigo da Pastoral."O "gato" tem lucro no aluguel da casa, na produção do trabalhador e até na alimentação, e tudo isso é crime", afirmou Mário Antônio Gomes, do Ministério Público do Trabalho."Eles não tinham como tomar banho, dormiam em colchões muito finos e, como o espaço era pequeno, dormiam até em três em um colchão de casal. Já fiz várias vistorias, mas esta foi a pior situação que vi", afirmou Douglas dos Santos, coordenador da Vigilância Sanitária de Guariba.Outro ladoA reportagem ligou para a empresa Me Leva Brasil, em São Luís (Maranhão). A pessoa que atendeu se identificou apenas como Natália e disse ser filha de Zelda. Segundo ela, sua mãe trabalha há 15 anos com a venda de passagens para o interior paulista, mas nunca prometeu emprego para ninguém.

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