domingo, 15 de abril de 2007

BLOG DO JOSIAS

15/04/2007 DO BLOG DO JOSIAS

Compadre de Lula é primeiro alvo da CPI do Senado

Adriano Machado/Folha
O Planalto tem fundadas razões para recear a nova CPI do caos Aéreo, que está em vias de ser requerida no Senado. A oposição pretende protocolar o pedido de abertura da investigação na Mesa do Senado até a próxima quarta-feira (18). E já tem um primeiro alvo: o advogado Roberto Teixeira (foto), compadre e íntimo amigo de Lula.

“A convocação de Roberto Teixeira é inevitável”, disse ao blog, na noite deste sábado (14), o senador José Agripino Maia (RN), líder do DEM no Senado. “A Venda da Varig foi operada por ele. Esse é um dos motivos que levam o governo a ter tanto medo da investigação. Eles temem que o compadre do presidente se transforme no Paulo Okamoto desta CPI”, acrescentou o senador, referindo-se ao presidente do Sebrae, que pagou uma dívida de R$ 29,4 mil de Lula com o PT.

A compra da Varig pela Gol, um negócio de US$ 320 milhões, é um dos objetos de investigação da CPI do Senado. O pretexto inicial é perscrutar a possibilidade de formação de um duopólio, situação de mercado em que há somente dois vendedores de uma mercadoria ou serviço. No caso específico, Gol e TAM passaram a ter, em tese, condições de promover acertos de preço em desfavor dos usuários.

Daí para a convocação de Roberto Teixeira, é um pulinho. Protagonista do maior negócio da história da aviação brasileira, o compadre de Lula voltou subitamente ao noticiário. Ele é capa da edição desta semana da revista IstoÉ. No último dia 28 de março, os donos da Gol, Nenê Constantino e Constantino de Oliveira Jr., foram recebidos em audiência por Lula. A propósito de comunicar ao presidente o fechamento do negócio que resultou na aquisição da Varig, levaram a tiracolo Roberto Teixeira.

Antes, Nenê Constantino declarara publicamente o seguinte: “Há seis meses, o presidente Lula me pediu que entrasse nas negociações para salvar a Varig.” A junção das palavras do empresário com a participação do amigo de Lula, açularam a suspeita da oposição de que o governo possa ter agido para favorecer a Gol. Daí o interesse em esquadrinhar o episódio na nova CPI.

“É evidente que vamos chamar o senhor Roberto Teixeira”, diz Agripino Maia. “Tem muita coisa escondida. E vai aparecer na CPI. Essa é uma audiência que terá de ser bem preparada. Esse camarada é muito ousado. Ele esteve na CPI dos Bingos. Ostentou um ar sobranceiro, altivo, superior”.

Agripino refere-se à convocação de Roberto Teixeira para explicar, naquela que ficou conhecida como a “CPI do Fim do Mundo”, as suspeitas de que teria participado, na década de 90, de um esquema de coleta de dinheiro junto a fornecedores de prefeituras comandadas pelo PT, para rechear as arcas do partido de Lula. Deu-se em 20 de abril de 2006 a inquirição.

Roberto Teixeira barrigou o depoimento o quanto pôde. Faltou a duas sessões. Quando, afinal, viu-se frente a frente com os senadores, respondeu a tudo o que lhe foi perguntado, embora dispusesse de um habeas corpus do STF autorizando-o a calar. Negou, negou e negou. Diante de tantas negativas, os senadores não dispunham de elementos para emparedá-lo. E o advogado saiu da sessão ileso. Por isso Agripino Maia diz que a nova inquirição, que dá como certa, terá de ser “bem preparada”.

Ainda que Roberto Teixeira volte a sair ileso da prometida convocação, o fato de a oposição arrastá-lo de novo para um banco de CPI trará certo constrangimento a Lula. O presidente é padrinho de uma filha do advogado, Valeska. Teixeira é padrinho do filho mais novo de Lula, Luís Cláudio. Nos tempos de vacas magras, Lula morou de graça numa casa cedida pelo amigo. Nada faz crer, porém, que o presidente da República possa vir a sofrer algum tipo de reprimenda ao final de dos trabalhos da eventual CPI. Na apocalíptica comissão dos Bingos, fez-se muito barulho. Mas Lula frequentou o relatório final em posição bem confortável.

Roberto Teixeira já ensaia o discurso. “Fui ao encontro [dos donos da Gol com Lula] como o advogado que estruturou o negócio jurídico [da compra da Varig] e que tinha condições de dar explicações, se fosse necessário”, disse ele ao repórter Rodrigo Rangel. “E também porque é prazeroso estar entre amigos, como é o presidente. Não tenho por que me arrepender, pois minha presença foi profissional.”

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