sábado, 30 de junho de 2007

sabadão


A FLAUTA VERTEBRADAA todos vocês,que eu amei e que eu amo,ícones guardados num coração-caverna,como quem num banquete ergue a taça e celebra,repleto de versos levanto meu crânio.Penso, mais de uma vez:seria melhor talvezpôr-me o ponto final de um balaço.Em todo casoeuhoje vou dar meu concerto de adeus.Memória!Convoca aos salões do cérebroum renque inumerável de amadas.Verte o riso de pupila em pupila,veste a noite de núpcias passadas.De corpo a corpo verta a alegria.esta noite ficará na História. Hoje executarei meus versosna flauta de minhas próprias vértebras.(tradução: Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman)

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