segunda-feira, 29 de novembro de 2010

PALESTINA


DIA INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

REVOLTA DA CHIBATA


REVOLTA DA CHIBATA,LIDERADA POR JOÃO CANDIDO,22/11/1910.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

ZUMBI



MORTE DE ZUMBI,1965.DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA.

domingo, 14 de novembro de 2010

HEGEL


MORRE EM BERLIM O FILÓSOFO FRIEDRICH HEGEL.14/11/1831.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

BOM FINAL DE SEMANA!


A última canafístula

Charles Kiefer

Canafístula, repetiu o meu avô, batendo a mão espalmada contra a casca da árvore. Deve ter mais de trezentos anos, continuou. Olhei para a árvore, olhei para ele. Eu jurava que ele era mais velho que ela. Gosto desta canafístula, ele disse. Olhou para cima e ao redor, bateu outra vez na casca grossa e rugosa. Porque é a última, continuou. Deve ser muito triste, eu disse. O quê?, ele perguntou. O que que deve ser triste? Ser a última, eu disse. É, ele respondeu. Levantou a cabeça, olhou para cima; fiz o mesmo. Não dava para ver a copada. Deve ser frio lá em cima, eu disse. Melhor que aqui embaixo, ele retrucou, ao menos não fica sufocada. É, respondi e cheguei a sentir no rosto o ventinho bom que soprava lá em cima. Será que ela sabe?, perguntei. O quê?, ele murmurou. Que é a última, respondi. Sabe, é claro que sabe, ele disse e alisou a casca da árvore. Saber é pior, dói mais. Ficou quieto. Eu queria falar, puxar assunto, mas não conseguia; ele estava ali e não estava. De repente, vi uma lágrima , uma só, escorrendo pelo seu olho direito. Fingi não ver, ele aproveitou para se enxugar. Entrou um cisco no meu olho, ele falou. Caiu da canafístula, eu disse. Viu só, agora você diz o nome dela certinho. É, eu respondi. Ele sorriu. Quantos dias eles vão levar para chegar aqui?, eu perguntei. Uns três, com as motosserras em três dias eles vão conseguir derrubar todo o mato. Não quero ver, eu disse. O quê?, ele perguntou. Não quero ver ela cair, expliquei. Eu também não, ele respondeu. Ficou em silêncio outra vez. Vamos dar uma abraço nela, eu disse, de despedida? Vamos, ele retrucou. Abri os meus braços o mais que pude, mas não consegui alcançar os dedos de meu avô no outro lado. Não dá, ele disse, é muito grossa, respondi. Vamos, ele disse, já está escurecendo. Pegou a minha mão e me levou para casa. Ele tinha a mão áspera e fria, como a casca da canafístula.


BOM FINAL DE SEMANA!

MASSERA


Ópera Mundi - "Como se descreve alguém que foi responsável por milhares de assassinatos, pessoas desaparecidas e torturados? Isso é o que Emilio Eduardo Massera representa para a Argentina", diz Enrique Fukman, representante da Associação de Ex-Presos Desaparecidos do país sobre o almirante que foi um dos principais símbolos da ditadura militar que marcou a história argentina com sangue entre 1976 e 1983.

Morto nesta segunda-feira (8/11), aos 85 anos, devido a uma parada cardiorrespiratória, Massera foi um dos protagonistas do golpe de estado de 1976, por meio da junta militar formada por ele, Jorge Rafael Videla (Exército) e Orlando Ramón Agosti (Força Aérea).

Com a chegada dos militares ao poder, o país submergiu em um sanguinário regime, que deixou um aprioximadamente 30 mil desaparecidos. E muitas sequelas. Preso aos 22 anos, quando militava no movimento guerrilheiro Montoneros, Fukman foi um dos poucos sobreviventes da ESMA (Escola de Mecânica da Armada), um dos principais centros clandestinos de prisão e tortura do país, do qual Massera foi idealizador e responsável direto. Calcula-se que, das 5.000 pessoas que passaram pelo local, apenas 300 saíram vivos.

Mantido encapuzado e acorrentado nos seis primeiros meses e obrigado a trabalhar nos nove que antecederam a sua liberação, ele afirmou ao Opera Mundi que se sentiu frustrado ao saber que o repressor morreu, sem pagar por muitos dos crimes cometidos.

"Nos indigna saber que quem devia ter morrido na cadeia passou o resto de seus dias em casa. A Justiça e os indiferentes governos que sucederam a ditadura são os grandes responsáveis por esta impunidade", afirma o ex-desaparecido.

De fato, o principal articulador das atividades de tortura e extermínio da ESMA não ficou recluso por muito tempo, como aponta Fukman. Após a reconstrução da democracia argentina, em 1983, Massera foi julgado e condenado à prisão perpétua por homicídios, torturas, privações ilegais de liberdade e roubos. Era 1985, e ele declarou: "Não vim me defender. Ninguém tem de se defender por ter ganhado uma guerra justa".

Pena aliviada

Condenado e destituído das Forças Armadas, o ex-almirante não perdeu a oportunidade de provocar os juízes: "Estou em uma posição privilegiada. Meus juízes têm a crônica, eu tenho a História. E é lá onde se escutará o veredicto final", afirmou.

Em comunicado emitido nesta terça-feira (9/11), as Avós da Praça de Maio lamentaram que a pena não tenha sido cumprida integralmente: "Ele não chegou a cumprir cinco anos. Apesar das graves e provadas acusações contra ele, o então presidente Carlos Menem o absolveu." Menem promoveu, em 1990, um indulto, que beneficiou Massera e outros membros de juntas militares e chefes da polícia da Província de Buenos Aires, além do dirigente montonero Mario Eduardo Firmenich.

Roubo de bebês

Em 1998, foi decretada sua prisão domiciliar preventiva, pelo roubo de bebês de desaparecidos e mortos pela ditadura. O processo, no entanto, foi suspenso em 2002, quando o militar sofreu um derrame cerebral. Três anos depois, escapou mais uma vez da Justiça, quando foi declarado "insano mental" e "incapaz por demência". Massera sofreu um acidente cardiovascular em abril deste ano e já se encontrava em estado vegetativo quando morreu.

"Se Massera sabe de alguma coisa, levará para a tumba", havia previsto seu advogado, também falecido, Pedro Bianchi. Massera nunca deu declarações sobre as acusações que lhe foram dirigidas, entre elas ordenar a morte de três Mães da Praça de Maio (que se reuniam em frente à sede do governo argentino, em Buenos Aires, para reivindicar a localização de seus filhos), atiradas de um avião no Rio da Prata, coordenar o desaparecimento milhares de pessoas cujos corpos nunca foram encontrados e permitir o roubo de centenas de bebês nascidos nos porões da ditadura e adotados ilegalmente por famílias ligadas ao regime - muitos desses bebês, hoje com mais de 30 anos, ainda desconhecem sua verdadeira identidade.

Nascida na maternidade clandestina da ESMA e filha de desaparecidos, a presidente da comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados, Victoria Donda, foi a 78ª neta encontrada pelas Avós da Praça de Maio. Para ela, a morte de Massera sem que ele tenha cumprido uma pena justa "representa a ineficiência do estado para levar tranquilidade e paz à sociedade". Donda afirma que os julgamentos são lentos: "Em sete anos temos pouco mais de 50 sentenças ditadas, de cerca de 30 mil casos", queixa-se.

Massera "é o símbolo dos assassinos que não conseguimos terminar de julgar, apesar da condenação e repúdio da sociedade argentina", declara.

As Avós da Praça de Maio também lamentaram que o repressor tenha morrido sem pagar pelos crimes. "Massera gozou até o final de sua vida de todas as garantias que dá o estado de direito, inclusive aos assassinos. As mesmas garantias que ele negou às suas vítimas no apogeu do terrorismo de estado", afirmaram em comunicado.

Perversidade da ditadura

O juiz federal argentino Daniel Rafecas, responsável pela investigação dos crimes de lesa humanidade cometido pelo Exército e pela Aeronáutica durante a ditadura, afirma que a paralisação do processo de Massera é garantida legalmente, devido ao seu grave estado de saúde que o impedia de enfrentar um processo penal. "É um direito constitucional e que a Justiça do Estado de Direito deve respeitar, seja quem for o acusado".

Rafecas, no entanto, é categórico ao reconhecer a responsabilidade do almirante: "Ele encarnou os aspectos mais obscuros e perversos da ditadura militar argentina", diz em relação à criação e gestão da ESMA e "à submissão de boa parte dos oficiais a se envolver com ele". "Além disso, explorou perversamente os prisioneiros para objetivos messiânicos de continuidade política de seu 'projeto' de país, no estilo de Heinrich Himmler, comandante da SS, após a advertência da derrota do regime nazista por parte dos aliados", classifica.

Massera ficou meses respirando em uma cama ortopédica no Hospital Naval de Buenos Aires. Sua morte simboliza a diminuição da probabilidade de que muitas das lacunas abertas deixadas sobre o período da repressão argentina sejam preenchidas.

Para Marcelo Borrelli, autor do livro El diario de Massera. Historia política y Editorial de 'Convicción': la prensa del Proceso, uma das explicações do uso de uma repressão tão ferrenha era a debilidade que o almirante reconhecia em si: "Das três forças, a Marinha era a que tinha menos poder. A presidência era de Videla, que era chefe do Exército", justifica. Segundo o pesquisador, a ESMA era o que lhe dava força: "Ele utilizou este centro para seu projeto político, para ganhar na disputa com Videla, para ganhar mais poder".

Em 1978, Massera renunciou ao cargo de chefe da Marinha para alimentar suas ambições eleitorais: fundou o partido político Democracia Social e confessou o desejo de ser o herdeiro do ex-presidente Juan Domingo Perón, "ir além do terrorismo de Estado e ser a máscara da reconciliação nacional."

Como plataforma de apresentação de suas posições ideológicas ao público, criou o jornal Convicción, inicialmente um boletim da Marinha, que passou a ser distribuído em bancas com uma tiragem de 25 mil exemplares e circulou até 1980.

A armadilha das Malvinas

Ao mesmo tempo, articulava apoios, buscando uma aproximação do peronismo e colocando "armadilhas" para o colega do Exército. "Ele tinha intenções políticas, sabia que, para ser um líder de massas na Argentina, tinha que ser peronista. E propôs a Videla a recuperação das Malvinas. Sabia que a ação era politicamente inviável naquele momento, mas que os generais do Exército não ficariam satisfeitos com uma resposta negativa".

Borrelli não economiza adjetivos como "contraditório", "cínico" e "sinistro" para descrever o repressor e admite que suas investigações o levaram a conhecer um perfil carismático, sedutor e mulherengo do militar.

"Ele quis usar estas características na política porque acreditava que contrastavam com a do militar comum, chato e austero. Ele chegou a sair em propagandas políticas achando que a sociedade poderia começar a cobiçá-lo", diz. "Com a prisão perpétua sentenciada em 1985, no entanto, sua carreira política acabou".

A crônica passou, e o que dizem os historiadores sobre Massera? No prólogo do livro Massera, o genocida", biografia do almirante, o pesquisador Osvaldo Bayer escreveu: "Sem nenhuma dúvida, ele passará a ser na galeria dos argentinos o maior dos assassinos de toda a vida da República até o presente."

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

ANGOLA



INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA FRENTE A PORTUGAL,11/11/1975.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

CSN



Greve da CSN em 88 foi momento importante da luta de classes


Em 1988, os operários da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda (que naquela época ainda não havia sido privatizada) realizaram uma greve com ocupação na empresa, que teve grande repercursão internacional, e foi um momento de dimensões históricas na luta de classes no Brasil.

A repressão foi muito dura, e o governo de José Sarney autorizou o Exército a invadir a empresa. No dia 9 de novembro, três operários foram mortos: Augusto Barroso, de 19 anos; Walmir Freitas Monteiro, 27 anos; e William Fernandes Leite, 22 anos.

MURO DE BERLIM



CAI O MURO DE BERLIM!09/11/1989.

sábado, 6 de novembro de 2010

CONLUTAS



CSP-Conlutas defende verdadeira valorização do salário mínimo


Propostas de reajuste do salário mínimo e das aposentadorias não atendem às necessidades da família brasileira

[05/11] O que estamos assistindo na mídia é a um verdadeiro circo. A presidente eleita Dilma Rousseff (PT) e o presidente Lula (PT) discutem com as centrais sindicais o novo salário mínimo.

Dilma fala em “compensação” ou antecipar parte do reajuste de 2012 e as centrais argumentam que o aumento deve chegar a R$ 580. Já a burguesia mantém seu oportunismo eleitoral e defende R$ 600.

De acordo com a atual política de “valorização do salário mínimo”, ele deverá ser reajustado pela inflação de 2010, que está prevista para cerca de 4,5% e um aumento real referente ao PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes, ou seja de 2009, que foi - 0,2 (negativos).

Portanto, segundo esta lei, o salário mínimo deverá ser reajustado em torno de 4,5%. No Executivo já existe uma proposta de reajuste de R$ 510,00 para R$ 538,15, que segundo declarações do relator Gim Argello (PTB-DF) à grande imprensa poderia ser arredondado para R$ 540,00.

Para a CSP-Conlutas, essas propostas são insuficientes. Existem verbas no orçamento para reajustar decentemente o salário mínimo do trabalhador brasileiro. Basta suspender recursos e isenções aos grandes bancos e às empresas e parar de pagar os juros da dívida pública.

O debate sobre o salário mínimo limitado a essas propostas é inaceitável! Enquanto o lucro das empresas e bancos é multiplicado por quatro, assistimos a aumentos irrisórios no salário mínimo e nas aposentadorias.

Com esta lei, se o crescimento do PIB fosse contínuo, ao redor de 6%, o que é altamente improvável, demoraríamos 40 anos para atingir o valor estipulado pelo Dieese de R$ 2.132,09 (previsão para outubro de 2010). Ou seja, apenas em 2050.

Os cálculos do Dieese para o salário mínimo necessário são de acordo com o preceito da constituição brasileira: "salário mínimo fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, reajustado periodicamente, de modo a preservar o poder aquisitivo, vedada sua vinculação para qualquer fim" (Constituição da República Federativa do Brasil, capítulo II, Dos Direitos Sociais, artigo 7º, inciso IV). Esses cálculos são baseados em família de dois adultos e duas crianças.

A CSP-Conlutas defende que o salário mínimo dobre seu valor imediatamente, como uma medida para alcançar em curto prazo a proposta do Dieese.

Chamamos os sindicatos, os movimentos populares e as centrais sindicais a lutar por esta reivindicação organizando um grande movimento em defesa do salário mínimo digno, contra a reforma da previdência e pelo fim do fator previdenciário.

Secretaria Executiva Nacional

CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular)

REVOLUÇÃO RUSSA



REVOLUÇÃO RUSSA.BOLCHEVIQUES DIRIGEM INSURREIÇÃO OPERÁRIA E CAMPONESA,07/11/1917.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

GREVE


1985 - Dia da Greve de 85
Greve de 460 mil em SP. Tem como centro os metalúrgicos (capital, Guarulhos, Santos, mas abarca também químicos, plásticos, marceneiros, médicos, padeiros. Imensos piquetes percorrem os corredores industriais.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O inacreditável Movimento SP para Paulistas



Por Rivaldo - Salvador

Do Terra Magazine

Querem vitimizar Nordeste, diz Movimento SP para Paulistas

Ana Cláudia Barros

A atendente de suporte técnico Fabiana Pereira, 35 anos, uma das articuladoras do Movimento São Paulo para os Paulistas, sai em defesa da estudante de direito Mayara Petrusco, apontada como uma das responsáveis por desencadear a onda de manifestações preconceituosas contra os nordestinos na internet após a vitória de Dilma Rousseff (PT).

Na internet, Mayara declarou que "nordestino não é gente, faça um favor a São Paulo, mate um nordestino afogado", o que rendeu à universitária uma denúncia junto ao Ministério Público Federal, apresentada pela Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Pernambuco (OAB-PE). A entidade viu no ato a configuração dos crimes de racismo e de incitação pública à pratica delituosa, no caso, homicídio.

Para Fabiana, a estudante não se referiu a um assassinato literal e apenas estava "desabafando".

- Acho também que não estão sendo debatidas quais as causas da revolta dela. O fato de - não que justifique-, mas o fato de São Paulo sustentar o Bolsa Família, e aí esses beneficiários emergem e São Paulo fica subjugado a um governo que não elegeu, né?! - "advoga".

Na interpretação da representante do movimento - cujo abaixo-assinado virtual já conta com quase 1400 assinaturas -, o episódio foi usado para vitimizar o "pessoal do Nordeste". Segundo ela, a solução para acabar com a "guerra" seria "que cada Estado tivesse autonomia para administrar os seus recursos".

- Aí, ia parar essa guerra que existe. São Paulo sustenta e eles (nordestinos) decidem quem vai nos governar.

Ao ser lembrada que mesmo se fossem excluídos votos do Norte e do Nordeste Dilma venceria, Fabiana argumenta:

- O Brasil, na verdade, parece que é dividido em duas culturas. Minas é mais identificada com o Nordeste, não sei se é por motivos de colonização. Não sei quais as causas. Se você olhar aquele mapa que dá meio vermelho, meio azul do (José) Serra e da Dilma, é sempre assim. Parece que um se identifica mais com uma ideologia e outro, com outra ideologia. Então, mesmo que tirasse o Nordeste, talvez ela se elegesse da mesma forma. Mas o pessoal não deixa de culpar... Culpar entre aspas, né?! Sabe que lá (Nordeste) é um celeiro mesmo, que vota no assistencialismo, no populismo.

Confira a entrevista.

Você acompanhou a polêmica sobre as manifestações contra nordestinos na internet após a vitória da Dilma Rousseff?
Fabiana Pereira - Dei uma olhada sim.

A OAB de Pernambuco acionou o Ministério Público Federal contra a estudante de direito Mayara Petrusco. A entidade considera que ela foi uma das responsáveis por ter desencadeado as manifestações de preconceito contra nordestinos. O que vocês, do movimento, acham dessa polêmica?
Acho que aquele negócio que ela falou de matar, afogar, é mais ou menos assim, que nem você fala: "Ah, mate todos os corintianos". Sabe? Num sentido assim. Claro que ela não estava falando literalmente em matar. Acho que foi um sentimento de revolta. No mesmo sentido de falar: "Eu mato aquele infeliz".

Então, você acha que ela falou aquilo como forma de expressar raiva?
É. Um desabafo ou algo assim.

Mas você acha que o tom foi exagerado?
Na internet, tem essas coisas dos dois lados. Acho também que não estão sendo debatidas quais as causas da revolta dela. O fato de - não que justifique -, mas o fato de São Paulo sustentar o Bolsa Família, e aí esses beneficiários emergem e São Paulo fica subjugado a um governo que não elegeu, né?!
Então, essa é a essência da coisa. Claro que eu achei que o que ela (Mayara) falou talvez... não, mal interpretada. Na internet é comum esse bate-boca. Você acha também contra paulista gente falando um monte. E acabaram usando isso até para fazer um pouco de vítima, eu acho.

Como é? Desculpe, não entendi.
Acabaram usando tudo isso para colocar até um pouco como vítima, né?!

Colocar quem como vítima?
O pessoal do Nordeste. Olhando ao pé da letra, parece radical o que ela disse, mas eu creio que ela não foi literal. Foi um desabafo.

Você falou que não estão sendo discutidos os motivos da revolta dela (Mayara). Na sua opinião, quais seriam esses motivos?
Então, essa questão de São Paulo, que fornece recursos para o Bolsa Família, por exemplo. E o pessoal de lá (do Nordeste) acaba elegendo um governo que... São Paulo fica subjugado a um governo que não elegeu, na verdade.
Qual seria a solução? Seria que a democracia fosse mais subsidiária, que cada Estado tivesse autonomia para administrar os seus recursos. Aí, ia parar essa guerra que existe. São Paulo sustenta e eles (nordestinos) decidem quem vai nos governar.

Mas os recursos do Bolsa Família também vêm de outros Estados...
Os impostos federais, no site da Receita, São Paulo fornece 40% sozinho. Contando com tudo. Isso dá R$ 200 bilhões/ano e voltam 4%, segundo o Portal Transparência. E o Bolsa Família já custou mais de R$ 50 bilhões desde o começo. Uma coisa assim... Então, na prática, é São Paulo que sustenta mesmo. Tem sete Estados que pagam mais impostos do que recebem. Do Sul, Amazonas...

Então, você entende o sentimento de revolta da Mayara. É isso?
Entendo. Olhando ao pé da letra parece agressivo. Mas não foi literal.

Um levantamento de Terra Magazine mostra que, mesmo sem os votos do Norte e do Nordeste, Dilma venceria. O que você acha disso?
O Brasil, na verdade, parece que é dividido em duas culturas. Minas é mais identificada com o Nordeste, não sei se é por motivos de colonização. Não sei quais as causas. Se você olhar aquele mapa que dá meio vermelho, meio azul do (José) Serra e da Dilma, é sempre assim. Parece que um se identifica mais com uma ideologia e outro, com outra ideologia.
Então, mesmo que tirasse o Nordeste, talvez ela se elegesse da mesma forma. Mas o pessoal não deixa de culpar... Culpar entre aspas, né?! Sabe que lá (Nordeste) é um celeiro mesmo, que vota no assistencialismo, no populismo.

Na sua avaliação a Dilma ganhou por causa do Bolsa Família?
Não só do Bolsa Família, mas de toda essa ideologia populista. Mas o Bolsa Família interfere muito. Com certeza.

Em quem você votou para presidente?
Eu votei no Serra, porque me identifico mais com o livre mercado, com essa ideologia mais do progresso, de menos intervenção estatal na economia.

O Tiririca (PR), deputado federal eleito por São Paulo, teve uma votação expressiva. Como você vê isso?
Acho que não foi só o migrante. Com certeza houve muitos votos dos nordestinos, mas muito paulista que não tem muita consciência... A própria estrutura de educação no Brasil faz com que o paulista não ligue muito... Eu mesma, há três anos, não estava nem aí com nada. Então, muitos votaram de zoeira, não levaram muito a sério ou como protesto mesmo, mas acabaram dando um tiro no pé.

A propaganda do Tiririca foi muito contestada. No Ministério Público Eleitoral, houve várias ações contra ela. Todas negadas. Em uma das ações, a pessoa contestava porque o Tiririca dizia que iria defender os nordestinos, priorizava os nordestinos. Você avalia da mesma forma ou acha que há um exagero nessa interpretação?
Acho que até li isso em algum lugar. Então, se um candidato no Rio de Janeiro falasse que ia defender os direitos dos mineiros. Ou em Minas, um candidato que falasse que ia defender os direitos dos gaúchos. É mais ou menos assim. Ele está em São Paulo, dizendo que vai defender os direitos dos nordestinos. Tá certo, os que moram aqui. Mas São Paulo já tem representação inferior na Câmara, já é discriminado e aí ele fala que vai defender...
A prefeitura da cidade dele também comemorou, porque ele falou que ia ajudar a prefeitura de lá. Então, não se sabe se ele vai tirar recursos de São Paulo para enviar para lá, defendendo outros lugares.

CARLOS MARIGHELA



EXECUTADO,CARLOS MARIGHELA,SÃO PAULO,04/11/1969.

A história da América Latina é uma história de injustiça e exploração. Mas é também - e sobretudo - a saga da resistência de homens e mulheres que, ao longo de cinco séculos, deram suas vidas no combate aos usurpadores das riquezas do continente.

Uma história escrita com o sangue de heróis como o inca Tupac Amaru, morto pelos espanhóis em 1572, e Condorcanqui, que sublevou os indígenas peruanos duzentos anos depois, considerado o precursor dos libertadores da América.

Símbolos dessa luta pela emancipação latino-americana, Simon Bolívar, José Martí, Emiliano Zapata, Augusto Sandino e Ernesto Che Guevara, entre tantos outros, lideraram trabalhadores do campo e da cidade contra o opressor.

Também guiado pela convicção na justiça social - e sob a bandeira do socialismo - o brasileiro Carlos Marighella procurou transformar de forma radical a realidade sócio-econômica do seu país.

Com o resgate da trajetória de Marighella,quarenta e um anos depois de seu assassinato pela ditadura militar, homenageamos todos os revolucionários do continente, cuja herança permanece atual como nunca.

http://www.carlos.marighella.nom.br/