sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

GM


SJCampos
Dia 20 vai ter ato nacional contra tentativa da GM de reduzir direitos

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Protesto será realizado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, dia 20, às 16 horas



Representantes de entidades sindicais, lideranças populares e políticas vão realizar, no próximo dia 20 (quarta-feira), em São José, o Ato Nacional contra a Redução de Direitos e Salários.


Serão realizadas atividades durante todo o dia, como panfletagens e discussão com a população no Centro da cidade, assembléias na GM e um ato, às 16 horas, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos (rua Maurício Diamante, 65, Centro).


A iniciativa é uma resposta à campanha dos patrões, associações de empresários e setores da imprensa que querem impor redução salarial, banco de horas e flexibilização de direitos na GM. Recentemente, os trabalhadores da GM rejeitaram nos três turnos a proposta de reduzir direitos e salários e impor o banco de horas para contratar 600 temporários.



O protesto também será contra a iniciativa da Embraer de querer, por meio da Justiça, aplicar uma multa de R$ 5 milhões ao Sindicato dos Metalúrgicos.



A proposta de se realizar o Ato Nacional em São José justifica-se pela importância e força da categoria, que há anos trava lutas contra a redução de direitos e de salários.



“Em São José, não há banco de horas, nem redução de direitos. Vamos manifestar nosso apoio à luta dos companheiros da GM e de toda a categoria”, afirmou José Maria de Almeida, da coordenação nacional da Conlutas.



“A luta contra o banco de horas é de toda a classe trabalhadora. Inclusive, nas empresas em que foi implantado este sistema, os empregos não foram mantidos”, comentou Ana Paula Rosa de Simone, da Intersindical.



O professor Arnaldo Nogueira, pesquisador em relações do trabalho e professor doutor das faculdades de Economia, Administração e Contabilidade da USP (Universidade de São Paulo) e da PUC-SP, defende que o Sindicato dos Metalúrgicos de São José está correto em sua luta contra a reestruturação produtiva manifestada nesta mobilização na GM.



“O Sindicato, em meu modo de ver, tem que lutar pela valorização da força de trabalho no Brasil e, neste aspecto, a política adotada de desconfiar e se contrapor a reestruturação produtiva, que precariza o trabalho, está correta”, disse o pesquisador.



A lógica da reestruturação - O professor Arnaldo Nogueira também destacou como funciona a lógica da reestruturação produtiva de forma global, que busca sempre mão-de-obra e logística mais baratas.



“A reestruturação produtiva nos países em desenvolvimento ou emergentes, no caso da GM, é uma questão estratégica crucial. Amargando prejuízos e dificuldades nos EUA, essa política de reestruturação, que flexibiliza e reduz os custos da força de trabalho e dos processos produtivos em outros lugares do mundo, tem que ser compreendida como parte da estratégia global do Capital e das multinacionais”.



A busca de mão-de-obra e custo de produção mais baratos acaba fazendo com que as empresas realmente desloquem sua produção para os locais onde o lucro possa ser garantido.



Mas, para o secretário-geral do Sindicato, Luiz Carlos Prates, o Mancha, é uma grande chantagem das empresas, que falam de China quando querem aumentar a exploração no Brasil. “Da mesma forma, falam de Brasil quando querem precarizar as condições de trabalho nos Estados Unidos ou em outros lugares do mundo”.



Mancha defende que por isso mesmo os trabalhadores devem manter-se firmes na luta contra a flexibilização de direitos. “Não vamos repetir o que fez o ABC, sindicatos dirigidos pela CUT e Força Sindical que aceitaram Câmaras Setoriais, banco de horas e rebaixamento de salários há anos e de nada adiantou. Houve demissões e redução de jornada com redução de salários”, relembra Mancha, quando o Sindicato de São José rejeitou as Câmaras Setoriais.



Na década de 80, os trabalhadores da Volks eram 40 mil, hoje são 10 mil e recebem atualmente um salário 20% menor. A categoria dos metalúrgicos do ABC, em 1991, era formada por 196 mil trabalhadores. Já em 2007, eram cerca de 100 mil. Isto é: 96 mil postos de trabalho a menos!



A saída é a luta - Para o professor da USP, a saída diante desse dilema é complexa. “A saída passaria por uma articulação do movimento operário e sindical, em particular nas plantas da GM, e também uma perspectiva de solidariedade global, junto aos operários estadunidenses e de outros lugares do mundo”, opinou.



A atividade organizada pelo Sindicato para este dia 20 está em consonância com o que defende o professor, assim como a campanha de solidariedade também organizada pela entidade.



Veja as manifestações de solidariedade à luta dos trabalhadores da GM:



“A Federação Internacional dos Metalúrgicos expressa sua solidariedade com os companheiros da GM São José dos Campos. Nós estamos com vocês, mesmo com a pressão da companhia e da mídia“. Ron Blum, International Metalworkers´ Federation (Genebra, Suiça)



“Os trabalhadores da GM em Gliwice, na Polônia, expressam sua solidariedade na luta contra a redução de seus direitos. O aumento dos lucros da GM à custa da exploração dos trabalhadores é totalmente inaceitável“.

Slawomir Ciebiera, NSZZ Solidarnosc in GM (Polônia)



“A Federação Metalúrgica da República Tcheca, que representa 160.810 trabalhadores apóia a luta na GM. Somos estritamente contra qualquer redução de direitos e salários “.

Josef Stredula, Metalworkers Federation (Rep. Tcheca)



“Em todo o mundo, no Brasil ou na Itália, as empresas multinacionais tentam baixar salários e piorar as condições de trabalho para reduzir o custo de produção, e manter ou aumentar os seus lucros, na competição global. A vocês, nossa solidariedade“.

Alessandra Mecozzi, Federazione Impiegati Operai

Metallurgici nazionale - FIOM-CGIL (Roma, Itália)



“Os trabalhadores já decidiram não aceitar esse ataque aos seus direitos e a GM tem que respeitar essa decisão”.

Deputado Estadual José Cândido (PT)



Outras manifestações de apoio:

a) Nacionais: Movimento Operário Metalúrgico de Camaçari (BA), Funcionários Públicos Municipais de Alagoinha (BA), Associação dos Docentes da Unicamp, SISMMAR de Maringá (PR), STIUEG (Goiás), Oposição SINPRO (DF), SINDPPD (RS), Conlutas, ADMAP (SJCampos), Apeoesp.



b) Internacionais: Comitê executivo CFTC (França), Liga Socialista (Cusco, Peru), MCA-UGT (Madri, Espanha), Sindicato de Trabalhadores Noruegueses.



Redação da Conlutas a partir das matérias produzidas pela Imprensa do Sindicato dos Metalúrgicos de SJC



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