serra mente
28/10/2007 - 09h00
1º semestre teve 20% mais casos de dengue do que o divulgado
JOSÉ ERNESTO CREDENDIOda Folha de S.PauloCINTHIA RODRIGUESColaboração para a Folha de S.Paulo
O Estado de São Paulo registrou no primeiro semestre do ano 19,6% mais casos de dengue do que o número que vinha sendo divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde.
Uma revisão de dados feita pelo CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) elevou o total de vítimas de 64.903 para 77.633, segundo balanço do último dia 19. O número de doentes do Estado, incluindo o segundo semestre, passou a 78.614.
A diferença, de acordo com a assessoria do secretário da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, se deve à revisão realizada a partir de setembro, quando teria sido percebida uma subnotificação no primeiro semestre deste ano.
Proporção maior
A alteração eleva também a proporção de casos por 100 mil habitantes, que passa de 161 para 191, segundo cruzamento de dados do CVE e do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O Ministério da Saúde considera epidemia o local com 300 infecções por grupo de 100 mil habitantes. Embora o índice do país todo seja de 253, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, já afirmou que o Brasil "vive uma epidemia".
Pelo balanço, dos 645 municípios de São Paulo, 355 apresentaram pelo menos um caso de dengue autóctone (transmitido na própria cidade) neste ano. Destes, 45 tiveram o número do primeiro semestre revisado para cima pelo CVE.
A maior parte das cidades que tiveram dados alterados já estava entre as consideradas epidêmicas, no entanto, em alguns casos a subnotificação foi de até 800% (veja quadro nesta página).
O pior caso proporcional foi o de Sud Menucci (614 km a noroeste de São Paulo). No município, de 7.400 habitantes, as notificações subiram de 25 para 225 no primeiro semestre.
A secretária de Saúde de Sud Menucci, Eliana Luzia Covre Dias Martinez, afirma que todas as suspeitas de dengue e amostras de sangue coletadas para confirmação foram enviados ao Estado até abril deste ano. "Ao todo foram 330 suspeitas, mas só 25 foram confirmadas por eles. Do restante, 200 nós consideramos dengue por critério clínico, mas isso tudo até abril. Não mudamos nada nos dados antigos", diz.
Birigüi (514 km de SP) teve o maior número de "novos" casos, passando de 833 para 5.145 de janeiro a junho. A Folha tentou ouvir a Secretaria da Saúde da cidade, mas não obteve resposta.
Com o novo número geral, São Paulo já tem 36% a mais de casos do que todo o ano passado, que já havia sido nove vezes maior do que 2005.
Distorções
O CVE admite que havia subnotificação até o último relatório, mas culpou as cidades pelas distorções nos números.A notificação de casos de dengue é obrigatória, seja o caso confirmado por exame ou apenas por análise clínica.
De acordo com a assessoria, municípios em epidemia, em que somente um exame clínico é suficiente para comprovar a doença, estariam deixando de enviar dados para o órgão.
Ainda conforme a assessoria, técnicos do CVE, a partir de setembro, entraram em contato com as prefeituras para pedir as informações completas.
A secretária de Saúde de Sud Menucci, porém, nega que tenha recebido qualquer pedido de reenvio dos dados.
"Nosso relatório já inclui a análise do médico. Isso está com o Estado desde abril. Tenho todas as planilhas para provar", declarou.
1º semestre teve 20% mais casos de dengue do que o divulgado
JOSÉ ERNESTO CREDENDIOda Folha de S.PauloCINTHIA RODRIGUESColaboração para a Folha de S.Paulo
O Estado de São Paulo registrou no primeiro semestre do ano 19,6% mais casos de dengue do que o número que vinha sendo divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde.
Uma revisão de dados feita pelo CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) elevou o total de vítimas de 64.903 para 77.633, segundo balanço do último dia 19. O número de doentes do Estado, incluindo o segundo semestre, passou a 78.614.
A diferença, de acordo com a assessoria do secretário da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, se deve à revisão realizada a partir de setembro, quando teria sido percebida uma subnotificação no primeiro semestre deste ano.
Proporção maior
A alteração eleva também a proporção de casos por 100 mil habitantes, que passa de 161 para 191, segundo cruzamento de dados do CVE e do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O Ministério da Saúde considera epidemia o local com 300 infecções por grupo de 100 mil habitantes. Embora o índice do país todo seja de 253, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, já afirmou que o Brasil "vive uma epidemia".
Pelo balanço, dos 645 municípios de São Paulo, 355 apresentaram pelo menos um caso de dengue autóctone (transmitido na própria cidade) neste ano. Destes, 45 tiveram o número do primeiro semestre revisado para cima pelo CVE.
A maior parte das cidades que tiveram dados alterados já estava entre as consideradas epidêmicas, no entanto, em alguns casos a subnotificação foi de até 800% (veja quadro nesta página).
O pior caso proporcional foi o de Sud Menucci (614 km a noroeste de São Paulo). No município, de 7.400 habitantes, as notificações subiram de 25 para 225 no primeiro semestre.
A secretária de Saúde de Sud Menucci, Eliana Luzia Covre Dias Martinez, afirma que todas as suspeitas de dengue e amostras de sangue coletadas para confirmação foram enviados ao Estado até abril deste ano. "Ao todo foram 330 suspeitas, mas só 25 foram confirmadas por eles. Do restante, 200 nós consideramos dengue por critério clínico, mas isso tudo até abril. Não mudamos nada nos dados antigos", diz.
Birigüi (514 km de SP) teve o maior número de "novos" casos, passando de 833 para 5.145 de janeiro a junho. A Folha tentou ouvir a Secretaria da Saúde da cidade, mas não obteve resposta.
Com o novo número geral, São Paulo já tem 36% a mais de casos do que todo o ano passado, que já havia sido nove vezes maior do que 2005.
Distorções
O CVE admite que havia subnotificação até o último relatório, mas culpou as cidades pelas distorções nos números.A notificação de casos de dengue é obrigatória, seja o caso confirmado por exame ou apenas por análise clínica.
De acordo com a assessoria, municípios em epidemia, em que somente um exame clínico é suficiente para comprovar a doença, estariam deixando de enviar dados para o órgão.
Ainda conforme a assessoria, técnicos do CVE, a partir de setembro, entraram em contato com as prefeituras para pedir as informações completas.
A secretária de Saúde de Sud Menucci, porém, nega que tenha recebido qualquer pedido de reenvio dos dados.
"Nosso relatório já inclui a análise do médico. Isso está com o Estado desde abril. Tenho todas as planilhas para provar", declarou.
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