sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

PINHEIRINHO



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Reportagem: o outro lado do Pinheirinho



LUCIANA CANDIDO, DIRETO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS


Reginaldo e Priscila com os filhos no Pinheirinho

• Aproveitamos a relativa calma da quarta-feira, 18, para passear pelo Pinheirinho e conhecer melhor seus moradores. O cartunista Carlos Latuff nos acompanhava e postava fotos dos lugares por onde passávamos em seu Twitter. Ele veio do Rio de Janeiro especialmente para visitar o bairro, um apoio muito importante para aquela população.

Voltamos à casa de Priscila e Reginaldo nesta quarta-feira. Quando chegamos, Priscila estava com as roupas todas do lado de fora, separando para levar no caso de ser retirada pela polícia – e também para secar, pois estavam úmidas da chuva que quase não para. A pequena Pâmela, de apenas um mês, chorava no colo da mãe. Pablo, o filho de três anos, assistia desenho animado dentro da casa. Reginaldo estava trabalhando fora.

A casa é pequena, mas foi construída pelo próprio Reginaldo, que é um homem muito criativo. No jardim, ele separou um cantinho para as crianças, que decorou com brinquedos de todos os tipos. Reginaldo fez para os filhos. Ao fundo, a plantação recebe o nome de Sítio do Ricardo. “Ricardo era o nome do irmão do Reginaldo. Ele morreu de câncer. O Reginaldo plantou o feijão formando o nome dele. Já está crescendo, dá para ver um pouco”, contou Priscila.

No pequeno rancho da família, também tem mandioca, melancia, cebolinha, banana entre outras plantas. Eles vivem disso e da reciclagem, atividade muito comum no Pinheirinho. Priscila contou que o filho Pablo é muito inteligente. Tentando imitar o trabalho do pai, ele brinca com a enxada. Ela mostrou umas pedras que enfeitam o jardim de brinquedos que foram colocadas por Pablo. “Perguntei para ele ‘o que você está fazendo?’ E ele disse ‘é pra ficar bonito, mae’.”

Perguntamos como tinham passado a noite de segunda para terça, quando quase aconteceu a invasão. “Eu lembrei muito de vocês, pensei ‘eles devem estar lá na frente’. O Reginaldo foi lá, mas não viu vocês. Também, era muita gente”, comenta Priscila.

Ela contou que ficou com as crianças na igreja, local destinado para resguardar as crianças, os idosos e os deficientes no momento da invasão.“Como foi na hora que você recebeu a notícia?”, perguntamos. “Nossa, foi uma choradeira só, aquele monte de mães”, respondeu.

Pâmela parou de chorar. “Ela sente, eles sabem que tem alguma coisa ruim acontecendo”, lastimou Priscila.

Nós nos despedimos e seguimos andando. O Pinheirinho é grande e ainda havia muitas ruas para percorrer.

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