terça-feira, 11 de agosto de 2009

GREVE GERAL DE SÃO PAULO-1917



A GREVE GERAL DE SÃO PAULO RADICALIZA-SE,TOMANDO DIMENSÕES DE INSURREIÇÃO,12/07/1917.

Exigências

A violenta greve geral estava deflagrada em São Paulo. Hermínio Linhares em seu livro Contribuição à história das lutas operárias no Brasil; 2ª Ed.; São Paulo; Alfa-Omega; 1977 diz: "O auge deste período foi a greve geral de julho de 1917, que paralisou a cidade de São Paulo durante vários dias. Os trabalhadores em greve exigiam aumento de salário. O comércio fechou, os transportes pararam e o governo impotente não conseguiu dominar o movimento pela força. Os grevistas tomaram conta da cidade por trinta dias. Leite e carne só eram distribuídos a hospitais e, mesmo assim, com autorização da comissão de greve. O governo abandonou a capital. (…)."

As ligas e corporações operárias operárias em greve, juntamente com o Comitê de Defesa Proletária decidiram na noite de 11 de Julho numeraram 11 tópicos através dos quais apresentavam suas reivindicações.[3]

Trabalhadores paralisados são reprimidos por policiais a cavalo.
  1. - Que sejam postas em liberdade todas as pessoas detidas por motivo de greve;
  2. - Que seja respeitado do modo mais absoluto o direito de associação para os trabalhadores;
  3. - Que nenhum operário seja dispensado por haver participado ativa e ostensivamente no movimento grevista;
  4. - Que seja abolida de fato a exploração do trabalho de menores de 14 anos nas fábricas, oficinas etc.;
  5. - Que os trabalhadores com menos de 18 anos não sejam ocupados em trabalhos noturnos;
  6. - Que seja abolido o trabalho noturno das mulheres;
  7. - Aumento de 35% nos salários inferiores a $5000 e de 25% para os mais elevados;
  8. - Que o pagamento dos salários seja efetuado pontualmente, cada 15 dias, e, o mais tardar, 5 dias após o vencimento;
  9. - Que seja garantido aos operários trabalho permanente;
  10. - Jornada de oito horas e semana inglesa;
  11. - Aumento de 50% em todo o trabalho extraordinário.

Paralisações antecedentes

Trabalhadores cruzam os braços em uma fábrica em São Paulo.

Em 1917 houve uma onda de greves iniciada em São Paulo em duas fábricas texteis do Cotonifício Rodolfo Crespi e, obtendo a adesão dos servidores públicos, rapidamente se espalhou por toda a cidade, e depois por quase todo o país. Logo se estendeu ao Rio de Janeiro, e outros estados, principalmente ao Rio Grande do Sul. Foi liderada por elementos de ideologia anarquista, dentre eles vários imigrantes italianos. Os sindicatos por ramos e ofícios, as ligas e uniões operárias, as federações estaduais, e a Confederação Operária Brasileira (fundada em 1906) sofriam forte influência dos anarquistas.

[editar] A morte de José Martinez

Funeral de José Martinez em direção cemitério do Araçá no dia 11 de Julho de 1917.

Em 9 de julho, uma carga de cavalaria foi lançada contra os operários que protestavam na porta da fábrica Mariângela, no Brás resultou na morte do jovem anarquista espanhol José Martinez. Seu funeral atraiu uma multidão que atravessou a cidade acompanhando o corpo até o cemitério do Araçá onde foi sepultado. Indignados e já preparados para a greve os operários da indústria textil Cotonifício Crespi, com sede na Mooca entraram em greve, e logo foram seguidos por outras fábricas e bairros operários. Três dias depois mais de 70 mil trabalhadores já aderiram a greve. Armazéns foram saqueados, bondes e outros veículos foram incendiados e barricadas foram erguidas em meio às ruas.

Citação
«"O enterro dessa vitima da reação foi uma das mais impressionantes demonstrações populares até então verificadas em São Paulo. Partindo o féretro da Rua Castano Pinto, no Brás, estendeu-se o cortejo, como um oceano humano, por toda a avenida Rangel Pestana até a então Ladeira do Carmo em caminho da Cidade, sob um silencio impressionante, que assumiu o aspecto de uma advertência. Foram percorridas as principais ruas do centro. Debalde a Policia cercava os encontros de ruas. A multidão ia rompendo todos os cordões, prosseguindo sua impetuosa marca até o cemitério. À beira da sepultura revezaram os oradores, em indignadas manifestações de repulsa à reação (…) No regresso do cemitério, uma parte da multidão reuniu-se em comício na Praça da Sé; a outra parte desceu para o Brás, até à rua Caetano Pinto, onde, em frente à casa da familia do operário assassinado, foi realizado outro comício.

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